Toda mulher quando quer engravidar deve fazer vários exames pré-natais para avaliar sua saúde. No caso das pacientes com alguma doença autoimune, a gravidez precisa ser ainda melhor planejada.
As doenças autoimunes podem afetar qualquer pessoa. Porém, são mais frequentes nas mulheres em idade fértil. Apresentam sintomas que pioram e melhoram, e que são comuns a outras enfermidades, o que dificulta seu diagnóstico.
Engravidar requer que os cuidados com a saúde sejam intensificados para garantir a saúde da mãe e do filho. Vamos aqui esclarecer a relação entre doença autoimune e gravidez e quais suas implicações para a gestante e o feto.
O que é doença autoimune?
O sistema imunológico identifica tudo que seja estranho ao corpo e ataca esse agente para impedir alguma doença. Porém, nas doenças autoimunes, ele reconhece células do nosso próprio corpo como “estrangeiras” e as ataca com anticorpos.
Alguns tecidos e órgãos são os alvos preferidos, mas a reação pode ser sistêmica. As causas variam e não estão totalmente claras. Sabemos que a predisposição genética e fatores como hormônios, bactérias e vírus, estresse, toxinas e alguns medicamentos podem ser os gatilhos para essas doenças.
Quais são suas implicações na gravidez?
São conhecidos mais de 80 tipos de doenças autoimunes. Elas são crônicas, mas alternam fases de remissão e surtos. Contudo, todas podem dificultar o andamento da gravidez porque aumentam os riscos de abortos repetidos.
Quais são as doenças autoimunes mais comuns?
Destacamos as 4 principais doenças autoimunes responsáveis por problemas relacionados à gravidez. Acompanhe:
Lúpus
A forma mais severa é o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) que produz diferentes tipos de anticorpos e causa abortos recorrentes. Caso a gravidez se estabeleça, é comum o desenvolvimento do feto ser prejudicado levando a um parto prematuro.
Os anticorpos originados pelo lúpus atravessam a placenta. Alguns podem causar anemia ou coágulos e esses problemas desaparecerão algumas semanas após o nascimento. Entretanto, outros anticorpos podem causar danos ao feto e até sua morte.
Além disso, se a mulher já tiver lesões nos rins ou hipertensão arterial causadas pelo LES, os riscos são muito maiores para ela e para o bebê. Não é possível prever se ocorrerão surtos de lúpus durante a gravidez, mas é comum a piora após o parto.
Recomenda-se que as tentativas de engravidar sejam feitas na fase de remissão. Contudo, se necessário, as gestantes podem ser tratadas com corticosteroides e imunossupressores. Essas pacientes precisam de um acompanhamento médico mais cuidadoso.
Trombocitopenia
A Trombocitopenia Imune Primária (TPI) ataca as plaquetas diminuindo a sua quantidade no sangue. Como as plaquetas são responsáveis pela coagulação, a falta delas pode levar a hemorragias na gestante e na criança.
Apesar de o risco de aborto induzido por esse distúrbio ser muito menor, a TPI torna-se mais grave durante a gestação. É recomendado o uso de corticoides, pois a piora nessa doença traz perigos para a parturiente. Outra indicação é a de transfusão de plaquetas, caso seja feita uma cesárea.
São raros os casos de trombocitopenia no feto ou neonatal por passagem dos anticorpos da mãe pela placenta.
Miastenia
A miastenia grave afeta os músculos provocando fraqueza, mas não causa grandes complicações durante a gravidez. Se ocorrerem surtos, é possível tratar a gestante.
O risco maior surge no trabalho de parto. A parturiente pode precisar de ventilação mecânica ou assistida. Além disso, 20% dos recém-nascidos contraem a doença da mãe através da placenta.
Tireoidite de Hashimoto
Os hormônios tireoidianos são essenciais para o metabolismo, para a fecundação e para a manutenção do feto nos primeiros meses. Assim, qualquer alteração na função da tireoide pode prejudicar a gravidez.
A Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que causa hipotireoidismo (diminuição da sua função) e aumenta as chances de aborto ou parto prematuro. Seu tratamento é com reposição hormonal e o diagnóstico prévio é fundamental.
Doença autoimune e gravidez não são excludentes. Contudo, essas pacientes necessitam de um acompanhamento médico com equipe de obstetrícia especializada em gravidez de alto risco.
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