A crescente inserção da mulher no mercado profissional, ocorrida ao longo da segunda metade do século XX, tem sido um fator determinante da remodelação de seu papel social e resulta em nítida tendência de se postergar a maternidade.
Sabe-se que a função dos ovários tem um prazo de duração, determinado geneticamente para cada mulher. Assim, não existem fórmulas matemáticas que possam calcular a perda de função para a população em geral.
A princípio, a perda progressiva dessa função é mais intensa a partir dos 35 anos de idade. Entretanto, grande parcela das mulheres subférteis nessa faixa etária pode permanecer com ciclos menstruais aparentemente normais, constituindo a sua identificação um grande desafio à Medicina Reprodutiva.
Especial atenção tem sido dada à avaliação individualizada do potencial reprodutivo feminino (reserva ovariana). Um teste de avaliação da reserva ovariana ideal permite-nos determinar a quantidade e a qualidade dos óvulos.
Inicialmente é realizada uma avaliação baseada nas características clínicas e nos potenciais fatores para a subfertilidade específicos de cada casal, a partir de um histórico bem detalhado em uma boa primeira conversa.
Conhecer bem o casal pode abrir a possibilidade de eleger exames de maneira individualizada, norteando o aconselhamento reprodutivo, amenizando encargos emocionais e financeiros de tratamentos cujos resultadosainda se encontram aquém do desejado.
Com a evolução das técnicas de congelamento, novos horizontes têm se aberto aos casos que necessitam de preservação de fertilidade. Até pouco tempo atrás, apenas o congelamento de espermatozóides era bem conhecido, mas técnicas recentes têm sido desenvolvidas para uso em óvulos.
A criopreservação de óvulos vem sendo pesquisada há 25 anos e apesar da fragilidade do óvulo humano, os resultados atuais autorizam a utilização clínica dessa metodologia com certa margem de segurança. No momento oportuno, esses óvulos podem ser descongelados, fertilizados e os pré-embriões, transferidos ao útero.
A criopreservação dos óvulos é uma excelente alternativa para:
• Ciclos de fecundação in vitro em que se quer restringir o número de óvulos a serem fertilizados.
• Manutenção do futuro reprodutivo das mulheres, sem as implicações éticas e religiosas que o armazenamento de pré-embriões pode gerar.
• Garantir a fertilidade de mulheres jovens que, por motivos pessoais, desejam postergar a maternidade para após os 35 anos, quando o potencial reprodutivo diminui significativamente.
• Conservar a capacidade reprodutiva em pacientes que se submetem a tratamento oncológico, como a quimioterapia e a radioterapia, que podem causar danos irreversíveis aos ovários.
• Proteger as pacientes suscetíveis à síndrome do hiperestímulo ovariano na indução da ovulação, podendo neste caso se optar pelo congelamento de todos os óvulos para, em ciclo posterior, proceder-se à fertilização e à transferência dos pré-embriões.