Como citado acima, o diabetes pode interferir de várias formas no funcionamento do pênis, mas em linhas gerais são duas: a primeira é a neurológica porque o diabetes pode mexer com os nervos que regulam o funcionamento de órgãos como o pênis, por exemplo.
A segunda é a cardiovascular, devido a uma piora da circulação sanguínea que leva a um pior funcionamento do bombeamento de sangue para dentro do pênis, o que aumenta a pressão e gera a rigidez no ato sexual.
A disfunção erétil (a incapacidade que o homem tem de ter ou manter uma ereção suficiente para atividade sexual satisfatória) afeta mais da metade dos homens com diabetes, segundo uma análise de 145 estudos sobre o tema que foi publicada em 2017 na revista científica Diabetic Medicine. O diabetes é a principal causa de disfunção erétil em adultos.
“O homem pode ter uma falha, brochar (como se diz popularmente) de vez em quando. É normal porque ninguém é uma máquina”, diz à BBC News Brasil o médico Eduardo de Paula Miranda, diretor do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. Quando isso pode ser um problema de saúde? “Quando começa a ser persistente, falhas umas atrás da outra, ao longo tempo e começa a interferir na qualidade de vida do sujeito”, responde ele.
No caso dos homens, quando acontecem alterações nesses vasos sanguíneos e nos nervos do pênis, a ereção enfrenta obstáculos por causa do estreitamento das artérias e da diminuição da circulação do sangue — e as terminações nervosas responsáveis pelo desejo sexual também podem ser afetadas
Tratamentos para disfunção sexual ligada ao diabetes
Para Miranda, da Sociedade Brasileira de Urologia, “o controle estrito e rigoroso do diabetes é fundamental para prevenir complicações da saúde sexual do homem e da mulher”. Ele explica que a saúde sexual tanto masculina quanto feminina está associada à saúde geral deles, e a prevenção passa pelo controle de comorbidades e da saúde física e emocional do paciente (mais especificamente alimentação saudável, atividade física regular, sono de qualidade e redução do estresse).
“A saúde mental também é um dos grandes determinantes da saúde sexual”, afirma Miranda. “Existe um problema na disfunção erétil que é: não importa o que levou o paciente a falhar, mas uma vez que ele falha, isso começa a afetar muito a autoestima e a autoconfiança dele, e então entra um componente psicológico muito importante que agrava ainda mais o problema.”
Os tratamentos da disfunção erétil podem ser de dois tipos: os não medicamentosos e os medicamentosos.
Os primeiros giram em torno de terapias. É sempre indicado que esse paciente tenha suporte terapêutico para lhe ajudar a lidar com o estresse, excesso de adrenalina e preocupação, que atrapalham a ereção.
No caso das abordagens medicamentosas, para homens há remédios disponíveis no mercado que são capazes de melhorar a duração, rigidez e capacidade de manter a ereção por mais tempo. “Eles melhoraram a circulação de sangue no pênis e aumentam a pressão dentro dos corpos cavernosos que são as câmeras da ereção”, explica Miranda.
Há pelo menos sete medicamentos disponíveis com diferentes características, sendo o mais comum o sildenafil (Viagra). Miranda alerta, no entanto, que esse comprimidos podem não funcionar no caso de pacientes com diabetes descontrolados e problemas mais severos nos nervos. “Muitas vezes esse paciente precisa ir para tratamentos farmacológicos mais intensivos ou invasivos, como as injeções que são administradas no próprio pênis na hora da relação sexual para poder ter uma ereção.”
A disfunção erétil aumenta com o passar da idade, mesmo sem diabetes. Em geral, a partir dos 45 anos, há maior ocorrência de homens com problemas de ereção. No caso do paciente com diabetes, quanto mais tempo ele enfrenta essa doença, maior é a chance de ele desenvolver problemas de ereção mais cedo ou mais severo. Isso pode ser atenuado caso o diabetes esteja sob controle.