A transferência de embriões congelados é feita quando a mulher decide seguir com a gestação. É necessário fazer o preparo da camada interna do útero, chamada endométrio, previamente à transferência. Isso porque o endométrio deve estar proliferado e receptivo ao embrião para que ele possa nidar e desenvolver em gravidez.
Uma das formas de fazer esse preparo é utilizando medicamentos similares ao estrogênio (orais ou gel transdérmico) para fazer o endométrio proliferar (crescer). Após cerca de 7-20 dias de uso dessa medicação, é feito um ultrassom onde se verifica se a espessura e aspecto do endométrio estão adequados. Caso esteja, associa-se uma nova medicação similar à progesterona, para deixar o endométrio já proliferado agora mais secretor e receptivo ao embrião.
A transferência do embrião é agendada e neste dia ele é descongelado no laboratório. A transferência é um procedimento que não necessita sedação ou jejum, portanto a mulher e a parceria acompanham essa etapa que é de muita emoção.
No ato da transferência, é realizada monitorização por ultrassonografia pélvica, portanto a mulher deve estar de bexiga cheia. É inserido o espéculo (aparelho vaginal para visualização do colo do útero – o mesmo que é utilizado na coleta do exame de Papanicolau). Após, é inserido um cateter guia pelo colo do útero e quando ele está posicionado dentro do útero, é montando o cateter interno que contém o embrião. Esse cateter interno então é inserido até o fundo da cavidade endométrio e o embrião é depositado neste local. Após, são retirados os cateteres e os espéculos. A mulher fica em repouso por alguns minutos e logo é liberada para esvaziar a bexiga.
A transferência embrionária costuma ser bastante tolerável para a maioria das mulheres não necessitando de formas de analgesia.
Alguns dias após a transferência do embrião (9-12 dias), é realizado o exame de gravidez (beta-HCG).
A fertilização in vitro é um processo que envolve a retirada dos óvulos do corpo da mulher, para fertilizá-los em laboratório com o sêmen do seu marido e transferir os embriões resultantes para o seu útero. O primeiro bebê fruto de uma fertilização in vitro nasceu na Inglaterra em julho de 1978. Hoje, milhares de crianças nascem anualmente graças a esta técnica, que é provavelmente o procedimento de reprodução assistida mais praticado no mundo.
Na fertilização in vitro convencional, os óvulos permanecem em uma placa de Petri, em um meio de cultura, até o momento da inseminação com os espermatozoides, normalmente realizada quatro a seis horas após a coleta dos óvulos. Neste tipo de fertilização, o espermatozoide precisa penetrar sozinho no óvulo. Para isto, ele precisa se ligar a uma capa que fica em torno dos óvulos chamada de zona pelúcida. Quando isto ocorre, o óvulo libera substâncias que impedem a entrada de mais de um espermatozoide por óvulo.
Na Clínica Evangelista Torquato, é realizada a inseminação com a técnica de microgotas, mais moderna e que oferece melhores resultados. Para que ocorra a fertilização, em cada microgota é colocado um óvulo para cada 100.000 espermatozoides. Estes espermatozoides foram processados de tal forma que apenas os melhores e mais ativos entram em contato com o óvulo.
Antes da realização da fertilização in vitro convencional é necessário que o casal realize exames obrigatórios. A paciente passa por estimulação da ovulação. Posteriormente, há aspiração do líquido folicular e a checagem da presença dos óvulos neste líquido, com a denudação dos óvulos e sua posterior maturação. Pode ser usada como um tratamento efetivo para infertilidade em todos os casos, com exceção daqueles casais que tem uma muito baixa contagem de espermatozoides no sêmen.
A inseminação é uma técnica mais simples de reprodução assistida em que o sêmen é depositado em algum local do trato genital feminino. Atualmente, o procedimento de inseminação é utilizado, devido à segurança e aos melhores resultados, exclusivamente na modalidade intrauterina com sêmen preparado.
Nessa técnica, o sêmen, coletado em laboratório por masturbação, no caso do sêmen fresco, ou descongelamento da amostra, no caso de sêmen congelado, passa por preparos laboratoriais para melhorar suas propriedades e para depurá-lo de substâncias estranhas, como alérgenos, microorganismos e impurezas.
Em linhas gerais, o objetivo de uma inseminação é sincronizar e facilitar o encontro dos gametas, espermatozoide capacitado e ovócito maduro recém-ovulado, no local natural de fertilização, que é a trompa de falópio. Assim, anula-se o efeito deletério sobre o sêmen de fatores como a acidez vaginal, e/ou o muco cervical.
Em vários centros de reprodução, a inseminação intrauterina é considerada a primeira escolha de tratamento em reprodução assistida, para mulheres jovens com trompas pérvias, cujos maridos tenham número mínimo necessário de espermatozoides.
Para realização da inseminação intrauterina pode-se utilizar o sêmen do próprio cônjuge da mulher, sendo neste caso o sêmen fresco ou congelado, ou de um doador anônimo, neste caso sempre o sêmen previamente congelado e tendo sido o doador avaliado para excluir doenças com potencial de transmissão por líquidos biológicos, como hepatites B e C, HIV, HTLV.
A inseminação intrauterina pode ser realizada tanto em ciclos espontâneos (sem indução de ovulação) como em ciclos com estimulação ovariana controlada. O objetivo da estimulação ovariana controlada é aumentar o número de um para dois a quatro ovócitos maduros disponíveis no dia da inseminação. O controle dessa estimulação se dá por meio da monitorização ultrassonográfica e de dosagens hormonais.
Vários estudos têm mostrado a superioridade dos resultados de taxa de gravidez nos ciclos de inseminação intrauterina com estimulação ovariana controlada em relação aos ciclos naturais.
A inseminação intrauterina é um procedimento simples e minimamente invasivo. A paciente fica em posição ginecológica – a mesma posição da prevenção (Papanicolau). O colo do útero é limpo com soro fisiológico para retirada de secreções no orifício cervical externo. Em seguida, introduz-se o cateter de inseminação, de material plástico flexível e cerca de 1 mm de diâmetro, através do colo do útero até atingir cavidade uterina. Então se faz a injeção do sêmen preparado que já se encontra em uma seringa acoplada ao cateter. O procedimento é completamente indolor na grande maioria das vezes.
A literatura mundial cita taxas de sucesso da inseminação intrauterina de 15 a 20% em média, variando desde 10% em pacientes acima de 39 anos até 22% em pacientes abaixo de 25 anos com parâmetros seminais ótimos.
A ICSI, na qual um único espermatozoide é introduzido no óvulo, é uma técnica realizada sobre um microscópio que permite a visualização do espermatozoide com um aumento de apenas 400 vezes. Hoje, sabe-se que danos no DNA dos espermatozoides podem causar falhas na obtenção de embriões pela técnica de ICSI e abortamento precoce.
Danos no DNA dos espermatozoides estão correlacionados diretamente com a presença de vacúolos na cabeça dos espermatozoides. Através de um sofisticado sistema de lentes de amplificação de imagens é possível realizar uma nova técnica, a Super-ICSI, onde se obtém um aumento de até 10.000 vezes, permitindo a visualização com segurança destes vacúolos.
O aparelho ainda ajuda na redução da gestação múltipla, já que as chances de aperfeiçoar a implantação de apenas um embrião são altas. Pesquisadores israelenses e franceses em estudos comparativos verificaram que com o antigo ICSI as taxas de gravidez obtidas eram de 25% e com o Super-ICSI as taxas de gestação atingiram 60%, em casos de alterações do esperma.
Para controlar o desenvolvimento e o amadurecimento dos óvulos e aumentar as chances de colher mais de um óvulo, medicações hormonais específicas são utilizadas para estimular os ovários. O tipo de droga e as dosagens podem variar entre as pacientes, dependendo de aspectos clínicos do casal.
Exames ultrassonográficos dos ovários, juntamente com dosagens hormonais em série, são usados para monitorizar o desenvolvimento folicular, com o objetivo de prever o momento da ovulação e da coleta ovular.
Existem sempre efeitos colaterais potenciais de qualquer medicação utilizada. A severidade da reação depende da resposta individual de cada paciente. Por isso, a monitoração frequente é necessária para a segurança e o bem-estar da paciente durante o processo de estimulação da ovulação, com o intuito de minimizado o risco de hiperestimulação dos ovários e suas complicações.